domingo, 15 de março de 2015

O MODELO ENGESSADO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

RESULTADO DO PISA 2014 - PROGRAMA INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO DOS ESTUDANTES CHAMA A ATENÇÃO POR ÍNDICES BAIXOS E POR COLOCAR O BRASIL EM 58o. LUGAR NO RANKING GERAL

Fonte da Imagem: Google - www.google.com.br 

Em meados do segundo semestre de 2014, o Governo Federal divulgou os resultados do PISA - Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes, onde jovens de quinze anos, alunos de escolas da rede pública e privada, do 7º.  ano do fundamental, realizaram uma prova, cujo resultado tinha como objetivo identificar o nível de aprendizado da região. Foram 65 países selecionados, nos quais, o Brasil não obteve um bom resultado, tendo em vista que o mesmo ficou em 58º no ranking geral.
Alguns educadores e profissionais da área, manifestaram-se satisfeitos com o desempenho do nosso país, o que me causa espanto, tendo em vista que o nosso sistema de aprendizado ainda é engessado e possivelmente permanecerá nesse engessamento por muito tempo, levando em consideração não apenas os interesses políticos, mas, o econômico mesmo, já que as escolas particulares – em sua maioria – estão mesmo interessadas no retorno financeiro.
Para que o leitor tenha uma real noção do que estou afirmando, participei, como ouvinte, de uma feira de conhecimento, antiga feira de ciências – como era chamada há algumas décadas atrás, principalmente nas escolas públicas – em um colégio particular na região metropolitana do Recife, na última sexta-feira do mês de novembro do referido ano.
Na ocasião em que visitava os estandes, fui tomada por uma onda de decepção, principalmente ao perceber que aqueles jovens repetiam as mesmas coisas – literalmente – de vinte anos atrás, quando eu é quem estava na condição de aluna. Fiquei intrigada, e comecei instigando alguns desses alunos a me darem respostas menos “decorebas”, em vão. Todos, e não estou exagerando quando digo todos, insistiam em repetir exatamente aquilo que haviam decorado, ou que foram orientados à falar. Quando os perguntava algo, travavam, paravam e alguns até me diziam meio envergonhados “Desculpa, essa não é a minha parte”. Imediatamente me veio em mente Estudo Errado música de Gabriel o Pensador, que fez muito sucesso no início dos anos 1990: “... decorei, copiei, memorizei, mas não aprendi”.
Poucos dias depois, vendo os resultados do PISA e o Brasil lá, no ranking: que bonitinho! Tive a convicção de quão comercial é nossa educação. Os gestores não estão preocupados em instigar esses alunos a tornarem-se pensadores, futuros cidadãos capazes de discutir em qualquer fase de suas vidas, os problemas sociais, políticos, ambientais, em outras palavras, resumindo: jovens que não conhecem o passado na sua totalidade, apenas nas limitações dos livros didáticos (que trazem quase sempre as mesmas informações de décadas e décadas atrás, e creio não ser exagero dizer que da época da minha avó), e do ensinamento de profissionais que repetem aquilo que outros professores repetiram para eles, criando assim um ciclo “vicioso” no que concerne chamarmos de educação fundamental brasileira. Não se observa nesses estudantes a necessidade de buscar mais informações pertinentes ao que se estuda, mas sim, o comodismo, a coisa pronta e mastigada que é entregue para eles em sala de aula.
Lamento profundamente por isso, e como lamento! E devo admitir, vai Demorar e muito, e com “D” maiúsculo mesmo, o dia em que eu voltarei numa feira do “conhecimento” e de fato, o nome fará jus aos conteúdos apresentados por esses alunos.
Enquanto isso, o Brasil continuará assim, com essa visão retrógrada do que é uma rede funcional de ensino e achando interessante fazer parte de um ranking onde ele está praticamente nos últimos lugares, tendo uma das notas mais baixas, e achando que isso é a “evolução didática brasileira”. É, com certeza, pensando dessa maneira, a música daquele Gabriel, o pensador, continuará sendo tão atual, quanto era a mais de duas décadas atrás, quando meus filhos, provavelmente estejam tentando buscar um ensino de qualidade para os netos deles. Exagero? Prefiro deixar que vocês decidam.


Por: Vanusa Lima

Até eu te Encontrar – Graciela Mayrink

Uma envolvente história que mistura passado e presente, onde a magia é o elo


Imagem do Google: www.google.com.br

Ambientado num campus universitário, o romance conta a história de Flávia, jovem que perdeu os pais num acidente de carro quando tinha apenas cinco anos. Criada pelos tios numa fazenda do interior de Minas Gerais, ela decide morar sozinha quando passa no vestibular de agronomia pela Universidade Federal de Viçosa, mudando-se para a cidade logo em seguida.
            Carismática, amável, sincera e dona de uma personalidade e de um caráter inquestionáveis, Flávia faz amizade já no primeiro dia de aula. E assim, torna-se a melhor amiga de Felipe, Mauro, Gustavo e Lauren. E dentre os amigos, ela descobre de forma inesperada, sua alma gêmea, Luigi, um jovem perseguido pela paixão obcecada de Carla, uma jovem imatura, mimada e de difícil convivência, que carrega consigo a fama de ser uma bruxa.
Intrigas, romances, magias e revelações surpreendentes que vão transformar a vida de todos, onde a amizade e o amor indicarão o caminho. Para desvendar os mistérios que rondam a personagem principal e seus antepassados, Flávia conta com o importante apoio de Sônia, sua vizinha e dona da única loja de produtos exotéricos.
O livro é uma mesclagem do real com o imaginário, e trás capítulos não muito longos e com uma linguagem simples, bem jovem e até coloquial, o que facilita a leitura, principalmente daqueles que não mantém o hábito de ler. Uma boa dica aos nossos universitários, que com toda certeza sentirão bem familiarizados com algumas referências citadas na narrativa, como o RU – Restaurante Universitário, nos fazendo transportar para o mesmo ambiente dos estudantes mineiros.
 Até eu te Encontrar é o primeiro romance da carioca Graciela Mayrink, agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa e mestra em fitopatologia pela Universidade Federal de Lavras, ambas em Minas Gerais. Esse livro já está em sua segunda edição, sendo o mesmo colocado dentre os mais procurados. 
Fica a dica para vocês leitores, e tenham todos uma excelente leitura!

Por: Vanusa Lima

ESPECIAL - O PRECONCEITO QUE FALA, É O MESMO QUE CALA

Um dos preconceitos mais praticados pela sociedade brasileira, é também o menos difundido

Imagem: Vanusa Lima
Talvez por ignorância ou displicência, as pessoas não se dão conta de sua gravidade e seguem no dia-a-dia com “brincadeiras” que nem sempre são bem quistas, principalmente por aqueles que sofrem com as referidas.
O preconceito linguístico existe, e isso é fato. E mais do que sua própria existência, o que pesa é o quanto ele incomoda a muita gente. Um incômodo silencioso que apenas poucas pessoas têm a consciência de suas consequências.
                  Por trazer desconforto para muitos, o tema preconceito é quase sempre evitado, deixando de lado suas sequelas muitas vezes avassaladoras. Um assunto que a maioria não gosta de abordar, porém vale lembrar, o quanto é importante que a sociedade discuta esse tipo de problema, e tente encontrar soluções para que suas vítimas consigam sair ilesas moralmente.
                  O que se entende por preconceito linguístico, está diretamente relacionado à fala. O indivíduo geralmente utiliza gírias, que são nada mais nada menos que marcas de pequenos grupos sociais, como skatistas, surfistas, classes que acabam possuindo um dialeto próprio e compreendido apenas por eles. Ou ainda, comunidades que representam determinadas regiões de um país, como no Brasil, por exemplo, onde possuímos cinco regiões das quais, seus nativos falam com características daquela localidade.
                  “O preconceito linguístico precisa ser reconhecido, denunciado e combatido, porque é uma das formas mais sutis e perversas de exclusão social”. Comenta o escritor, linguista e também professor da Universidade de Brasília, Marcos Bagno. Autor de mais de trinta livros, a maioria aborda o tema em questão. Um dos livros mais editado dele é o “Preconceito Linguístico: o que é, como se faz” da Editora Loyola.

Livro de Marcos Bagno- Imagem do Google

                  O que as pessoas não imaginam, é o quanto as vítimas sofrem com tudo isso, e passam a ter suas vidas transtornadas, muitas perdendo até o sentido de continuar existindo. Esse tipo de problema é sofrido por uma grande maioria, desde crianças à adultos. Não existe uma escolha de raça ou cor. Existe a certeza de contrariar um próximo, apenas porque ele fala “diferente” dos demais.

                  Embora algumas pessoas apresentem algum tipo de transtorno psicológico por conta do preconceito vivido, há aquelas que nada sentem, levando na brincadeira. Isso geralmente acontece com pessoas que não se incomodam com os tais rótulos dado por quem pratica o preconceito.
                  As principais vítimas do preconceito linguístico são no geral, pessoas que não pertencem àquela região, e quando chegam, são criticadas, humilhadas ou sofrem com as gargalhadas alheias, o tal do deboche.
                  Uma pessoa ao falar “oxente”, “visse”, “arretado” e outras mais, é facilmente identificado como nordestino, e a depender de onde esteja, pode ser visto com olhos de preconceito. Já os sudestinos, por exemplo, ao invés de falarem a palavra “mesmo”, eles pronunciam “mermo”, trocando o “s” por “r”. Outra pronúncia diferenciada está na palavra mãe, que eles trocam por “maê”.

Selma Alves natural do Rio de Janeiro

                  A carioca Selma Alves, hoje com 40 anos, chegou ao Recife aos 31. Em conversa informal, ela desabafou. “Sofro todos os dias. Devido ao sotaque, ao falar diferente. Agora não ligo. Mas no começo era muito difícil tudo isso. Hoje as pessoas ainda riem do meu modo de falar”.  
                  Situações constrangedoras como as vivenciadas por Selma e tantas outras pessoas que necessitam mudar de estado ou de cidade, ocorrem em distintos lugares, e o que mais desperta a atenção é que o preconceituoso nada tem a ver com classe social ou econômica, pois independente do meio onde vive, o agressor, por assim dizer, pertence a quaisquer uma das esferas sociais, o que é lamentável, tendo em vista que para esse caso específico, nota-se que o acesso à informação não faz diferença alguma e o sujeito pratica o preconceito a todo custo.
                  Diferentemente da carioca Selma, o estudante Gabriel Corrêa, 18 anos, tinha apenas onze quando veio morar em Recife. Gabriel que é de Santa Catarina, disse que com ele foi diferente. “Meus colegas me respeitam. Não se incomodam porque eu falo um pouco diferente deles”, revelou.

Gabriel Corrêa de Santa Catarina, aos 11 anos

                  No caso de Gabriel, podemos até dizer que ele teve um pouco de sorte, tendo em vista que é quase impossível alguém passar ileso dos comentários e brincadeiras maldosos, referentes aos sotaques de pessoas oriundas de outras regiões, independente do local onde se esteja. Isso porque, os praticantes ou, os preconceituosos, geralmente costumam agir quando já têm certa intimidade com a vítima, claro que nem sempre isso é regra, mas no geral isso acontece, e por esse motivo, alguns entendem que não estão agindo com preconceito, mas, brincando com o amigo, o que seria de alguma forma, permitido.
Para a psicóloga Flávia L. Carvalho, 47 anos, o preconceito linguístico não passa de uma extensão de um problema ainda maior, denominado Bullying, onde na maioria das vezes as crianças são as maiores vítimas e o local escolhido por elas, é a escola. Dentre as possíveis situações de Bullying, podemos destacar: ofensa; humilhação; descriminação; exclusão, e outros.
                  Bullying ou não, a verdade é que qualquer tipo de preconceito gera violência, e a maneira de se falar diferente do outro, chama a atenção para a quantidade de brigas que acontecem dentro das escolas. É cada vez maior o número de crianças que se envolvem em desavenças, e o motivo muitas vezes é o mesmo: “Ficou dizendo que eu não sei falar direito, que eu sou burra. Que falo errado porque sou do interior, mas isso não tem nada a ver”.
                  E não tem mesmo não. Esse fato aconteceu com a dona de casa Priscila O. Silva, 24 anos. Quando estava com 16 anos, saiu da cidade de Itaíba, interior pernambucano para morar na capital. Entretanto, por falar com sotaques característicos do interior, acabou tornando-se vítima dos colegas de trabalho e até vizinhos. “Nós lá da cidade sabemos respeitar os outros, mas aqui o povo é diferente”. Desabafou a jovem, que acrescentou “Não me acostumo com esse lugar. Depois de sete anos sofrendo com a humilhação de alguns vizinhos, quero voltar para minha casa no interior.”  Embora o Brasil seja um país culturalmente hibrido, e que por essa razão, tantas pessoas de regiões distintas, consigam falar diferente, elas não estão prontas para lidar com o preconceito e muitas desenvolvem um comportamento violento. Principalmente aquelas que sofrem a ação. Mesmo não recebendo toda a atenção que deveria receber, alguns profissionais buscam amenizar o trauma de algumas vítimas.

Manoel Agostinho, pedagogo da cidade de Tupanatinga PE

                  O pedagogo Manuel Agostinho, 64 anos, dava aulas há vinte anos para crianças carentes no agreste pernambucano. Um dos trabalhos desenvolvidos por ele em sala de aula é o respeito ao próximo. “Aqui ensinamos que o ser humano deve sempre ser respeitado e mais ainda, deve respeitar o seu semelhante. E o mais importante, saber conviver com as diferenças”. Completou o pedagogo.
                  Para essas crianças, o trabalho sempre apresenta resultados satisfatórios. “Chega ser quase impossível ouvir uma criança destratar uma outra”. Contou radiante o professor. “A maioria dessas crianças são pobres, algumas passam por privações, mas o desempenho delas me incentivaram a continuar. Estava no caminho certo”. Refletiu o professor Manoel, que por motivos de saúde, precisou ausentar-se das salas de aula, lamentando por não poder dar continuidade ao seu trabalho junto às crianças.
                  Numa outra escola, desta vez na capital, as soluções não são tão diferentes das apresentadas pelo professor Manoel, no interior.
                  “Não é difícil trabalhar com as diferenças, nem ensinar uma maneira de respeitar seu semelhante. Aqui na escola, temos uma disciplina chamada Direito da Cidadania, que estimula os alunos a conhecer e respeitar os diversos “mundos” do ser humano”. Contou Lucimar Arouxa, coordenadora pedagógica em um colégio localizado na zona sul do Recife.
                  De acordo com relato de alunos, de fato esse tipo de preconceito não foi detectado por nenhum deles. “Estudo aqui faz muito tempo, uns cinco anos, desde que me lembro. Mas nunca presenciei nenhum menino brigando por causa de seu modo de falar”. Disse Jéssica Beatriz, estudante, 19 anos.
                  O Doutor em Direito e Comunicação e Semiótica e professor da PUC-SP, Gabriel Chalita, publicou um artigo na revista Construir Notícias, direcionada aos educadores. Onde ele fala que a falta de conhecimento sobre o assunto, leva à violência e a descriminação.
                  “Na escola, essa atitude pode ter resultados drásticos, porque leva a vítima, muitas vezes, ao isolamento e, até ao abandono”. Conclui Chalita.
                  Para evitar quaisquer danos psicológicos principalmente às crianças, é extremamente importante que os pais observem seus filhos e os ambientes que ele frequenta. Tanto aquele que agride quanto o que é vítima, ambos necessitam de atenção e ajuda de profissionais. É interessante também que busquem maiores informações com pessoas qualificadas.
                  O preconceito existe e causa estrago em muita gente, mas com diálogos constantes e interesse de familiares e amigos, muitos problemas podem ser evitados. Além do mais, vale ressaltar que não há mal nenhum em ser diferente. Somos diferentes, pensamos e agimos estranho ao próximo e ele a nós, e é justamente isso que nos tornam pessoas especiais.
                  Ser diferente não é o problema. O problema são as pessoas acreditarem que temos que ser exatamente iguais. E isso não é possível, pois se bem lembrarmos, somos híbridos culturalmente, temos gostos e pensamentos distintos, isso não é defeito. Imaginem se todos fossem exatamente iguais? Com certeza só teríamos uma única profissão no mundo, e todos pareceríamos meros robôs. Isso sim seria desconfortante.
                  Aceitar as diferenças é reconhecer o quanto podemos ser ecléticos em distintas áreas. E como mostramos isso? Começamos aceitando que a FALA do indivíduo deve ter voz e pode se expressar da melhor maneira que lhe seja conveniente, através da sua própria fala.


Matéria: Vanusa Lima
Fotos de Selma Alves e Gabriel Corrêa: Vanusa Lima
Foto de Manoel Agostinho: Acervo Pessoal
Imagem do livro de Marcos Bagno: www.google.com.br



sábado, 14 de março de 2015

NECESSIDADE QUE VIROU PAIXÃO

A INCRÍVEL HISTÓRIA DE UMA MULHER QUE DESDE OS SEIS ANOS DE IDADE TRABALHA DENTRO DO MERCADO DE SÃO JOSÉ

Marli Sales - dona do boxe 73 no Mercado de São José
O Mercado de São José é um dos mais antigos do país. Fundado em sete de setembro de 1875, está sitiado no bairro de São José, na cidade do Recife, capital pernambucana. Além de produtos alimentícios, roupas, utensílios para casa e produtos religiosos, o Mercado esconde segredos que nem sempre chega aos olhos e ouvidos dos turistas e moradores que visitam o local. 
A emocionante história de vida de Marli Sales, de 46 anos, nos chama a atenção e, desperta a curiosidade de quem para e ouve o seu comovente relato. 
Filha mais nova de uma família de dez irmãos, começou acompanhar os pais quando tinha apenas seis anos de idade. Eles vendiam frango para os comerciantes da área. Algum tempo depois, a família conseguiu a concessão de um box e além de frango, passaram a  negociar outros produtos alimentícios.
A necessidade dos seus pais em manter o local e dele tirar o sustento da numerosa família, nem sempre agradou Marli. “Durante a adolecência pensava que pudesse existir outros meios para prover o nosso sustento. Queria me libertar desse lugar”.
Mesmo em busca dessa tal liberdade, Marli aproveitou sua adolescência para fazer cursos de aprimoramento na área comercial, visando melhorar os negócios da família.

“Hoje eu digo que o 
Mercado de São José 
é a minha vida”

Hoje, a família possui três boxes, sendo que um deles é em comum acordo com os demais irmãos, os outros dois é agora de propriedade da própria Marli.
 Consciente que tudo o que possui hoje, fora graças ao trabalho de seus pais e consequentemente o seu também, a comerciante declara. “Hoje eu digo que o Mercado de São José é a minha vida. Não consigo me ver trabalhando em outro lugar”. Talvez por isso, seja possível encontra-la todos os dias no Mercado de São José.
De domingo a domingo. A jornada é grande, porém incansável. No dia em que não pode ir ao local de trabalho, Marli liga e procura saber como estão as coisas sem a sua presença. “Passo o tempo todo aqui. Minha casa só vou para dormir”, confessa orgulhosa.
O amor que hoje sente pelo seu trabalho e pelo Mercado, a fez lutar por melhorias para o recinto. Criou com a ajuda de um pequeno grupo de comerciantes a Associação dos Locatários Internos do Mercado de São José, da qual já fora presidente.
Um dos principais objetivos da Associação era lutar por melhorias do ambiente de trabalho, bem como conscientizar a população de que o Mercado tem também um valor cultural de extrema relevância para a sociedade pernambucana. Outras conquistas conseguidas pela Associação foram fundamentais para apresentar o lugar como um dos principais pontos turísticos da região: padronização dos boxes; funcionários fardados; banheiros para deficientes físicos; placas informativas em quatro idiomas, dentre outras melhorias; bem como a criação do Espaço da Cultura Popular que serve para orientar os turistas e que visitam o Mercado.
 Desde o momento em que descobrira seu amor pelo Mercado de São José, a comerciante Marli Sales sente-se feliz e confessa não sentir vontade de sair mais de lá.


Reportagem e Foto: Vanusa Lima