... Antes de começar a digitar palavras que eu sei, não vão causar bem estar aos que lerem, eu preciso respirar fundo, pois o que vou narrar daqui por diante, tem a ver também, com minha história de vida, e a prudência não é apenas por abordar aspectos abusivos que ocorreram na minha existência, mas, de como eles vão refletir na vida daqueles que por aqui passarem.
Abuso Sexual - forma de violência física, emocional ou psicológica. Os efeitos do abuso sexual podem incluir: depressão, transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático complexo, trauma psicológico e outros.
Assédio Sexual - no Brasil, de acordo com a Lei 10.224/2001 está definido como "constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual (...) Constitui assédio sexual: comportamento indesejado de caráter sexual, sob forma verbal, não verbal ou física.
Para que vocês compreendam tudo, preciso voltar à década de 1980, quando eu era apenas uma singela criança do interior do Estado de Pernambuco, tinha apenas oito anos de idade, era inocente e não compreendia nada da vida adulta, e tão pouco sabia o que era sexualidade. Vivia brincando com minha irmãzinha mais nova, eu era a mais velha, e até então, éramos somente nós duas. Nossos pais tinha acabado de se separar, meu pai ainda estava em São Paulo e nós três: eu, minha irmã e nossa mãe, já havíamos retornado ao interior.
Uma cidade pacata, com pouco mais de três mil habitantes na cidade e mais um quantitativo na zona rural que não sei precisar. Tupanatinga, cidade relativamente nova, que na década de 1980 estava com pouco mais de duas décadas de existência. As pessoas se conheciam pelos nomes, geralmente era assim: "Vanusa, filha de Nequinho do velho Hermógenes". Ou ainda, "Vanusa filha de Luzia de dona Miranda e seu Joaquim lá das bandas do Sítio Anastácio"... e por aí seguíamos! As pessoas se conheciam até sua terceira geração, era de fato, uma pequena cidade.
Mas, mesmo nas cidadelas e nas épocas mais remotas, onde a tecnologia não tinha invadido ainda, as pessoas desconheciam totalmente expressões como celulares, computadores, internet então? É de comer, é um bicho, o que é isso? Então, como estava dizendo, em uma cidadezinha do interior do Nordeste, onde as pessoas que tinham pouco dinheiro assistiam somente à um canal de televisão, os moradores não iam imaginar de forma alguma, que pelo menos uma pessoa, agia covardemente em meio às crianças. Isso mesmo, covardemente, porque um homem fazer certas coisas, agir de maneira nojenta (é esse o sentimento que me aflora, nojo) para com uma criança, acabando definitivamente com tanta inocência, e, apresentando-a abruptamente ao mundo do medo e da desconfiança, esse homem não é um homem de fato, é um monstro. Monstro, isso mesmo, não encontro definição melhor para o definir. Um monstro, que chega disfarçado de bom moço, que se aproxima lentamente de sua vítima, que cerca de maneira que ela não se dá conta, e quando menos espera, acontece o bote, e a pobre vítima está ao alcance de suas mãos, sem saber como proceder, se grita, se corre, se fala... mas a paralisia é instantânea, e ela não consegue se mexer, fica por algumas frações de segundo imóvel, tentando assimilar o que está acontecendo. E na cabeça dela uma única pergunta "o que é isso meu Deus?"
Seu algoz é uma pessoa influente na cidade, um representante de um órgão público, é bem quisto, é educado, trata a todos com gentileza e com largo sorriso no rosto, mas poucos, e talvez apenas eu naquele momento, estivesse enxergando a verdadeira face dele, uma imagem perversa, um sorriso assustador, um lobo em pele de cordeiro, literalmente falando. Para a maioria que o chamava pelo nome, e de igual situação, ele conhecia cada morador, aquele homem era um "doce de pessoa" como já ouvira pessoas falarem assim.
Mas então ficava na minha cabeça "como um doce de pessoa pode fazer isso comigo?" "como pode ele ser tão mau, e as pessoas não perceberem?" "por que comigo?" "por que ele fez isso?" "ele não é bom" e assim seguiam as inúmeras perguntas formuladas na minha cabeça. Perguntas estas que eu não conseguia saber as respostas, não tinha como, pois, quem iria me responder?
Como falei anteriormente, eu tinha um pouco mais que oito anos de idade, era inocente, nunca havia escutado falar sobre sexualidade, sequer imaginava o que era isso. Minha vida era estudar, assistir o Xou da Xuxa, Vídeo Show, os Telejornais da Globo (lá só pegava esse canal de TV. E sim, eu adora jornal, pois desde os meus cinco anos sonhava em ser jornalista), brincar com minhas vizinhas na frente de casa, pois naquela época as crianças podiam brincar na frente de suas casas, porque desconhecíamos os termos sequestro ou rapto de crianças, ou ainda, bandidagem, drogas, essas coisas assim, então brincávamos, éramos crianças felizes que pulávamos amarelinha, brincávamos de pique-esconde; barra-bandeira; pega-pega; pula-corda; cabra-cega e tantas outras brincadeiras que até chego a respirar fundo só em lembrar quanto era bom aquela época.
Mas enfim, sigamos, pois infelizmente não estou aqui para falar das saudosas brincadeiras, mas, para dizer que, em meio à esse cenário inocente e divertido, um lobo cercava sua presa, e, não vou dizer "azar" por não gostar dessa palavra, mas, talvez, por ironia do destino ou algo assim, eu fui a escolhida para ser testemunha silenciosa da perversidade inescrupulosa do ser humano.
Certa manhã, assim como era de costume, eu e minha irmã estávamos brincando em frente a nossa casa, nesse dia, não lembro ao certo, se houve aula e já havíamos chegado em casa, ou, se era algum dia atípico e que não tinha tido aula. Sei apenas que estávamos brincando e, eu como sempre fora uma criança prestativa (ATENÇÃO SENHORES PAIS: Isso é muito sério! Cuidado com seus filhos que são muito prestativos, eles, por não serem tímidos, ou, por gostarem de ajudar os outros, podem cair mais facilmente nas garras do inimigo. Não é regra, lembrando que todos os filhos devem ter a total atenção e vigilância de seus pais e/ou responsáveis), então me predispus a ajudar esse ser do mal, que aqui, vou chamá-lo de "ZÉ".
O tal do "Zé", perguntou se eu queria ajudá-lo a procurar os objetos que ele estava separando por detrás do balcão, eu, claro, prestativa e sem malícia alguma, disse que podia. Comecei ajudando, ele dizia "esse coloca alí, aquele outro coloca aqui" e por aí seguia. Eu continuava fazendo. Minha irmã do outro lado do balcão, passando para mim, o que estava lá, e eu recebendo do lado de dentro e colocando segundo o "Zé" orientava. Em determinado momento, o "Zé" pediu para eu ajudá-lo com alguns pacotes que estavam no chão, nesse momento, quando eu me abaixei, fiquei em posição de cócoras, ele se abaixou perto de mim, e foi aí que ele me abusou. Me tocou... nossa, somente em descrever, passa-me um filme, como se eu estivesse vivenciando isso agora, é uma sensação horrível, de impotência, ainda mais porque naquela época eu não sabia o que era isso, eu não entendia o que estava acontecendo. Eu paralisei por segundos, eu acho que foram segundos, não sei ao certo, mas para mim, era uma eternidade, um tempo que parecia não passar. E como toda cidade pacata, no momento em que você acha que vai passar alguém, você não consegue ver ninguém, ou ninguém consegue te ver. Eu só lembro que quando consegui reagir, tirei a mão dele do meio de minhas pernas, e consegui me levantar e saí correndo, chamando minha irmã, que veio em seguida atrás de mim. Eu estava gelada, a sensação que tive, é de ter visto um fantasma, ou algo assim. Antes fosse!
Minha mãe, que nesse momento, estava trabalhando no bar de uma conhecida, para poder trazer comida para dentro de casa, de nada suspeitava, e não suspeita até hoje, pois nunca tive coragem de contar para ela o que aconteceu comigo. Também não consegui falar para mais ninguém. Me fechei no meu mundinho, e não quis mais saber de ajudar as pessoas, pelo menos não aos homens. Passei a ter medo deles, passei a olhá-los com desconfiança. Eu estava comedo "daquilo" se repetir, e eu passei a acreditar que, como aconteceu comigo, eu tinha sido a culpada, eu tinha sido responsável por aquele homem, mais velho do que eu pelo menos duas décadas, ter me "bolinado" e passei a me policiar, me perceber e ver o que eu tinha de errado e de diferente para aquele cara ter feito aquilo comigo? Era o que me perguntava o tempo inteiro. Eu não tinha paz quando o via por perto. Eu não conseguia olhar para ele. E pasmem, ele passava por mim, e falava normalmente como sempre falara, inclusive na frente de minha mãe, que nada desconfiara, coitada! Não sabia ela e nem ninguém, que aquele calhorda havia me feito mal; havia estragado a minha inocência, pois eu não era mais a mesma criança. Quando estava sozinha, às vezes chorava, sentia medo, sentia raiva; raiva de mim. Raiva por achar que eu deveria ter feito alguma coisa para evitar aquela situação, mas, o quê? Como que eu, uma criança, que jamais tinha escutado falar sobre sexo, que sequer desconfiara que eu tinha sexualidade, como eu iria evitar um abuso?
Mas isso caros leitores, isso é o que nós, que somos vítimas de tais abusos, pensamos. Nós, em absolutamente sua totalidade, nos achamos culpadas por sofrermos essa violência. O que é totalmente absurdo! Mas, mediante uma sociedade machista e preconceituosa, onde as mulheres são colocadas como objetos de desejo para seus pares, e para a sociedade como um todo; onde somos representadas não por nossa força de mulher, de mãe, de guerreira, de filha, de profissional, mas pela cobrança exacerbada da sensualidade expositiva do corpo feminino, somos reduzidas a meros objetos de prazer, e mesmo que não seja intencional, nos colocam no patamar do sexo vulnerável, inclusive às depravações de alguns homens. O que confere ao homem o poder do abuso e a nós mulheres a certeza da culpa. Mas NÃO É BEM ASSIM, NÃO SOMOS CULPADAS pelos erros alheios. Não temos culpa se um homem não sabe respeitar o que somos, ou quem somos. Não somos culpadas porque homens perversos nos abusam, "bulinam" não apenas nosso corpo, mas nossa inocência. Não somos culpadas se monstros, SIM, MONSTROS não respeitam suas mães, suas mulheres e suas filhas, porque antes de desrespeitar as filhas e mulheres dos outros, dentro de suas casas também têm mulheres, que podem ser vítimas de outros monstros como eles. Mas não pensam, não lembram... querem apenas saciar seus desejos macabros, perversos, que destroem vidas, sonhos, inocências...
Hoje eu falo, hoje eu consigo dizer o que se passou comigo, mas, hoje, com quarenta anos, ou seja, trinta e dois anos depois de sofrer o primeiro assédio, eu consigo falar, expor o que sentir. E quantas crianças hoje não estão passando por isso? Quantas crianças hoje não estão vivenciando esse terror psicológico e físico dentro de seus lares, com seus vizinhos e conhecidos?
Aí você me pergunta, e acabou como? Eu te respondo, lamentavelmente não acabou. Com o tal do "ZÉ", sim, acabou. Eu o evitei até quando pude. Fugia dele literalmente. Não vou dizer que fugia dele como o diabo foge da cruz, porque nesse caso aqui, é notório quem fazia o papel de diabo, né verdade? Bem, mas se vocês acham que meu drama acabou, infelizmente não. Eu mal havia escapado de um agressor, pois é assim que o vejo, um agressor, pois agrediu não apenas as minhas partes íntimas ao tocá-las, mas a minha alma, quanto criança, quanto pura, eu aos dez anos acabei caindo nas garras de outro monstro.
Quando estava com dez anos de idade, mediante um acerto com minha mãe, deixei minha pequena cidade para morar em Recife, com uma madrinha e sua filha mais velha, advogada conceituada do governo do Estado. A intenção da minha mãe, e eu concordei, é que eu iria em busca de melhorias para mim, com chances de bons estudos e, consequentemente conseguir aquilo que desejara desde meus cinco anos, quando comecei dominar a leitura, eu queria ser jornalista, e, morar na capital era sem dúvidas, uma oportunidade para atingir meus objetivos. Por eu ser a mais velha, minha irmã ficou com nossa mãe, que agora já era mãe de um menino, meu irmãozinho, e eu vim à cidade grande. Bem, como disse, eu já estava com dez anos de idade.
Nesse tempo já não era tão franzina, meus seios já estavam começando a se desenvolver, meu corpo já estava tomando forma, pois embora eu não sabia, com pouco mais de um ano, eu começaria a menstruar, virando literalmente uma "mocinha" como costumava dizer minha madrinha.
Bem, quando eu pensei que estava tudo bem, que eu não iria nunca mais na minha vida ver o tal do "Zé" e que daquele momento em diante eu não seria obrigada a conviver com uma culpa, qual eu não tinha mas me julgava como se tivesse; eu me deparei com um outro "Zé" tão mau quanto o primeiro, ou talvez, pela acessibilidade dele à casa que eu morava, até pior que o primeiro.
Não demorou muito tempo depois que eu cheguei na casa dessa minha madrinha, para esse cara aparecer na minha vida. Uma pessoa ligada à família dela, que frequentava constantemente a residência, que tinha acesso irrestrito à família e as propriedades dela. Esse outro como disse, foi até pior. Se antes, sem saber do que se tratava, eu me assustei com a situação e me senti a errada da história, o que dizer desse agora? Antes de narrar os fatos, vou só passar para vocês quanto tempo passei sendo assediada sexualmente, foram longos seis anos de puro suplício.
Isso mesmo, seis anos. Dos dez aos dezesseis anos de idade, sofrendo calada, me sentindo um lixo, a escória da sociedade, me sentindo suja, um trapo. Não se espantem, é assim mesmo que nos sentimos, a pior das criaturas. Mas, novamente vou dizer, dizer não, vou gritar mesmo NÃO SOMOS CULPADAS, SOMOS VÍTIMAS!
Esse infeliz fazia de um tudo na minha frente, se masturbava quando sabia que eu estava encurralada, que não tinha como passar por ele. Eu ficava de olhos fechados, eu virava o rosto para o outro lado, para não ver aquela cena chocante. De novo vou dizer, eu tinha dez anos, não sabia como era um órgão sexual masculino, jamais tinha visto algo assim. E a partir daquele dia, minha vida se transformou em um inferno. Pois era perturbador demais toda aquela situação, eu não entendia porque, mas sabia que o que fazia era errado, era sujo, era nojento demais para mim. Quando as pessoas que estavam na casa, estavam em outros cômodos, ou dormindo, ele dava um jeito de passar por mim e "ralar" suas genitálias em minhas costas, pois geralmente ele fazia isso quando eu estava lavando os pratos, ou alguma peça de roupa. Era muito, muito, muito nojento. Eu sentia repulsa por ele, mas mesmo eu fazendo cara de nojo, aquilo ali não o afetava e ele continuava. Quando eu dormia, cansei de ser despertada com ele acariciando meus seios. Eu sentia um pavor tão gigantesco quando ele estava por perto, que descrever aqui não está sendo o suficiente para passar o meu terror.
Eu chorava de medo dele, ao mesmo tempo sentia que eu, mas uma vez era culpada por ele fazer aquilo. Resumindo todo esse inferno, foram seis anos de terror na minha vida, e quando finalmente eu não consegui mais disfarçar o incômodo pela presença dele, e o medo que eu sentia, pois só em ouvir a voz do infeliz, eu tremia e me contorcia todinha. Uma pessoa da família, muito ligada à ele, percebeu, e, me chamou para conversar, pediu para que eu não escondesse nada, então, aos prantos, soluçando desenfreadamente, consegui falar. Foi como se eu tivesse tirado um peso de toneladas de minhas costas, mas aí, quando eu pensei que as coisas iam se resolver como deveria, essa pessoa, chamou outra de sua confiança e as duas me pediram por tudo, que eu não falasse nada para ninguém, porque se eu falasse, certamente o casamento dessa pessoa chegaria ao fim, e eu "SERIA CULPADA" pelo fim do casamento deles.
Inacreditável, mas essa frase que elas usaram, me desarmaram totalmente e, mesmo eu, nessa altura do campeonato, com dezesseis anos, já sabendo o que era sexo, já sabendo o que era ser abusada, mesmo assim, eu tive que me calar e aceitar que tudo aquilo fora um mal entendido, uma coisa besta que ele fez, intencionalmente, mas que não prejudicou ninguém, exceto se eu falasse, aí destruiria o casamento de anos, dele.
Ora, naquele momento ali, ninguém pensou em mim. No quanto eu estava destruída. No quanto minha inocência mais uma vez tinha sido roubada. Ninguém pensou na minha vergonha em ter que ver aquele cara se masturbando em minha frente. Ninguém pensou no meu pudor ofendido, quando aquele homem passava se ralando nas minhas costas. Ninguém pensou em mim em momento algum, do medo que eu estava de ser apontada como alguém que acabou com uma família. Ninguém levou em consideração os meus medos, meus traumas. Nessa hora, poucos lembram-se das vítimas, e eu era essa vítima. Mas, que eles mesmos me apontavam como culpada. "Você é culpada, se ele fez isso, você provocou"; "você é culpada, porque homens gostam de menininhas ingênuas, puras e você é culpada por ser assim"; "você é culpada por isso"... "você é culpada por aquilo outro"... "você é culpada!" NÃO, EU NÃO SOU CULPADA! EU SOU VÍTIMA!
Pais, o que eu quero mostrar com isso tudo, com toda a minha história, é que vocês fiquem atentos a tudo. Qualquer sinal, por menor que seja, pode significar algo. Geralmente, quando sofremos abuso, seja ele de que grau for, é abuso. Passamos a perder a confiança nas pessoas; se antes gostávamos de estar próximos daquela pessoa, passamos a nos esconder, a ficar distante, criando uma certa repulsa para com aquela pessoa; só ficamos perto, em grandes exceções, quando existam pessoas de nossa confiança por perto; sentimos desprezo por elas; sim, damos sempre alguns sinais, porque não queremos dizer, em sua maioria por medo, por constrangimento (minha gente, é constrangedor demais você ter que relatar para outras pessoas, uma situação dessas), por vergonha e o principal fator, por nos atribuírem CULPA. Logo, não conseguimos falar o que se faz necessário.
Por favor, fiquem atentos. E, se alguma criança ou adolescente, conseguir a todo custo falar algo, mesmo que não em detalhes, não duvidem, por favor! Não se trata da velha e conhecida frase "criança não mente" a questão não é essa, a questão é que, se seu filho está falando, está contando para você uma história, dê atenção. Ele pode estar te pedindo socorro e você não está dando para ele a chance de ajudá-lo a passar por esse trauma sem tantos danos.
Eu posso afirmar com plena convicção, que Deus foi grande na minha vida, que apesar de ter passado por tudo isso, eu consegui seguir adiante. Consegui me relacionar e manter um casamento de mais de vinte e um anos, no qual tive três filhos. Mas, os fantasmas dos abusos me assombravam vez por outra, porém conseguir vencê-los, e hoje estou aqui, após se passarem vinte e quatro anos em que os abusos acabaram, falando para vocês de que não é fácil lidar com isso. Infelizmente algumas crianças e adolescentes abusados, acabam desenvolvendo transtornos psicológicos, eu também não escapei disso, tive aos meus dezenove anos de idade, o que chamamos de síndrome do pânico, mas esse relato será mais adiante, em outra pauta. O que posso afirmar é que hoje estou bem, graças a Deus agir na minha vida, porque se eu fosse depender da ação dos homens, eu estaria até hoje acreditando que eu tive culpa por todos os assédios e abusos que sofri, mas não é bem assim. Fui vítima, e, independente da idade que eu tinha; ou se eu chamava a atenção por ser novinha, inocente ou algo do tipo, não justifica um monstro se aproveitar da situação, e abusar de mim ou de quem quer que seja. Independente da idade, somos seres humanos que merecemos ser respeitados. Uma criança não pode perder sua inocência. Uma adolescente não pode perder seu direito de preservar aquilo que ela acredita ser melhor para ela. Uma mulher não poder deixar de usar uma roupa, porque vai chamar a atenção. Respeito acima de tudo, não importam: roupas, idades, tamanhos, identidade de gêneros ou quaisquer que sejam os dilemas, que esses monstros, agressores, bandidos, possam pagar pelos grandes malefícios não apenas físicos, mas psicológicos, que causam na vida das pessoas.
E você, que já foi vítima de tamanha barbárie, lembre-se em todo momento, VOCÊ NÃO É CULPADA, VOCÊ É VÍTIMA!
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